Bisfenol A
Fundo de Cena:
Você já ouviu falar no BPA?
O consumo de BPA, (Bisfenol A) presente em plásticos de origem policarbonato, feito em doses excessivas ou baixas demais causam danos a saúde. A substância, que em nosso organismo imita o estrogênio (hormônio feminino) é mais prejudicial se consumida por gestantes e crianças. Por esse motivo a ANVISA proibiu a comercialização de mamadeiras e chucas que utilizam a substância (clique aqui para mais informações) Nós adultos ingerimos a substância diariamente sem saber, pois ela está presente, por exemplo, nas garrafas plásticas que armazenam a água mineral que bebemos. Até o famoso cafezinho tomado em copo plástico poderá liberar a substância.
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Assim começa mais um dia de Jacinto. Jacinto é um homem que é macho. É daquele que senta de perna aberta, tira sujeira do nariz e coça o traseiro sem cerimônias; e arrota sem pedir desculpas. É daquele que não mostra a bunda de jeito algum, a não ser quando não tem escapatória, como exemplo, no vestiário masculino. Também não deixa que sua mulher mostre a bunda, nem na praia ou piscina pública. E falando em bunda, ele sempre olha a alheia, e não consegue disfarçar que a está olhando, nem para a patroa. É um Homem com H maiúsculo. É um homem com DNA de cabra macho.
Certo dia sua noiva o convenceu a ir à terapia de casais. “Pra quê?” – disse – “vamos gastar o dinheiro com cerveja que hoje é dia de futebol”. “Precisamos colocar os pingos nos “is”” – disse a noiva. E temendo mais uma daquelas DR’s intermináveis e uma possível greve de sexo, Jacinto foi para uma sessão com um psicólogo pela primeira vez. Mas não deu muito certo, pois o psicólogo era uma louraça de 1,70m e um tremendo decote que levou o queixo de nosso amigo ao joelho e constrangeu sua amada. “Poh, o que eu posso fazer? A mulher é uma tremenda duma gostosa!” e continuou deixando a tampa do vaso levantada e a toalha molhada jogada em cima da cama.
No trabalho, Jacinto fez questão de comprar xícara de porcelana para tomar os cafezinhos no escritório. Porcelana não, que porcelana é coisa de florzinha. Xícara de café, apenas. Tinha lido em algum lugar que ao tomar o café em copos plásticos poderia ingerir também, além da cafeína, uma substancia que em contato com o corpo humano se comportaria como o hormônio feminino, estrogênio. “Não quero virar veadinho” –
dizia ele.
Mas algo estranho começou acontecer certo dia. A xícara de tomar café havia sumido, mas isso não impediu Jacinto de consumi-lo. Naquele dia ele tomou muito mais café do que de costume, pois não tinha dormido direito à noite e para garantir a produção do dia no trabalho, dobrou a quantidade de ingestão de cafeína. Normal. Todo mundo faz isso de vez em quando. Mas o anormal mesmo foi que ele passou a sentir uma vontade absurda de cruzar as pernas. Sim, cruzar as pernas. Parecia ser muito mais relaxante posicioná-las daquela forma. Além disso, a posição daquele quadro na parede estava o incomodando demais. Simplesmente não combinava com o ambiente. Achou a decoração um tanto brega e sugeriu à sua secretária, que aliás estava cafonérrima com aquele sapato de squin de zebra, que mudasse os móveis de lugar. “Opa! Peraí! Tem algo muito estranho acontecendo. Macho que é macho não repararia em outra coisa a não ser no traseiro daquela potranca...”. Mas Jacinto não conseguia tirar os olhos do sapato da moça. “Hóooooorríveis!”. Outra coisa que ele percebeu é que havia muito mais cores no ambiente do que ele se lembrava. Tentou desviar seu olhar mas era muito mais forte do que ele. Aquelas cores todas, Amarelo Ouro, Púrpura, Fuschia, Marine, todas elas ficavam saltitando na frente de seus olhos... Tudo ao seu redor era alegre e brilhante. E ele se sentia bem: tão leve e solto... Teve uma vontade louca de sair por aí cantando...“ It’s rain the men!!” Cantando feito uma Diva na Chuva... “Opa, que porra é essa de Diva??? Que merda colocaram no café essa manhã??”. E Jacinto começou a se preocupar. Lembrou-se da reportagem sobre o tal Bisfenol que se ingerido poderia... “É isso!!! A porcaria do café estava com o negócio que transforma cabra macho em mulherzinha. Droga, não deveria ter tomado tanto café...Mas me sinto tão bem! Estou me sentindo tão livreeeee!!! Ui!”. E foi embora rodopiando, sem olhar para trás.
Bendito Bisfenol!
E assim teve início o primeiro dia do resto da vida daquele novo Jacinto. Um Jacinto mais alegre e feliz. Um rapaz sofisticado praticante de yoga e apreciador de comida francesa, balé, teatro e Glória Gaynor. Jacinto largou o emprego de contador e a noiva gostosona. Se matriculou em um curso de Design de interiores onde conheceu Fonseca, moreno alto de corpo sarado, com quem vive uma vida feliz, sem DR’s e sem armários.
Nota: Os Contos Contados são contos feitos a partir de notícias verdadeiras sobre diversos assuntos.

